20170321

Um disco, 17 bandas, alguma diversão e pouca originalidade

Um bar durar 15 anos surpreende muita gente. Um bar em Florianópolis durar 15 anos surpreende muito mais. Um bar dedicado ao rock em Florianópolis durar 15 anos surpreende surpreende muito mais. Agora, surpreendentemente mesmo é uma estabelecimento voltado a um gênero musical desprezado em uma cidade que prefere sertanejo e eletrônica se manter por tanto tempo e ainda por cima bancar um cedezinho com talentos locais. As surpresas, porém, param no momento em que a coletânea Rock Pub começa a rolar.



A compilação patrocinada pelo Chopp do Gus em 2016 reúne, como é compreensível, 17 nomes com lugar cativo – na prática e/ou no conceito – entre as atrações contratadas pela casa. Ou seja, que partem do estilo formatado pelo recém-falecido Chuck Berry em uma linha evolutiva até chegar aos Rolling Stones, desembocando em Barão Vermelho, TNT e congêneres. Salvo exceções como Skrotes (“Mared Marofa”), não é preciso ser versado em rock para detectar as fontes de Dr. Jorge & Mr. Seben (“Colírios”), The Liras Project (“Baby Você”) ou Ruca (“Marte”).



Quando passam desse ponto, os artistas escalados atingem no máximo o stoner rock, representado pelo KATTS em “Surfing All Around”. Antes de achar demérito nisso, há que se reconhecer a proposta tanto dos participantes do disco quanto do mecenas: a diversão vem na frente de qualquer aspecto novidadeiro que possam oferecer. A própria comemoração do aniversário do Chopp do Gus segue essa linha. Estão programados shows de Metallica, Ramones, Guns‘n Roses, Green Day e outros campeões de audiência. Tudo cover.

Tal banda, tal projeto
As carreiras solo de Julian Casablancas e Albert Hammond Jr. não decolaram. O CRX de Nick Valensi foi pouco ouvido. O Little Joy de Fabrizio Moretti está em estado de animação suspensa. Dos projetos paralelos dos integrantes do Strokes, arrisca o Summer Moon, do baixista Nick Fraiture, ser o mais bem-recebido pelos fãs. Pelo simples fato de a estreia do quarteto, With You Tonight, soar como um disco que a banda-matriz poderia ter feito. Aquele rock nova-iorquino sujinho e dançante, com as influências, timbres e efeitos certos para impressionar indies em geral, dá as caras em “Happenin’”, “Cleopatra”, “Girls on Bikes” e na faixa-título.




 ANÇAMENT
OS



Tennis, Yours Conditionally – O quarto álbum da dupla americana se afasta das pistas acenando com um pop doce e ensolarado. A suavizada valoriza as melodias entoadas pela vocalista Alaina Moore em “My Emotions Are Blinding” ou “Ladies Don’t Play Guitar”, duas das mais brandas amostras de um disco enternecedor.



Lary, Salto 15 – O reclame do EP de estreia da cantora carioca fala em “funk misturado com um pop contagiante” e em “essência e poder de uma voz marcante digna de diva”. Com 20 dias no ar, informa, o clipe da faixa-título conquistou 430 mil visualizações. E você pensando se tratar de mais uma dessas figuras que despontam para o anonimato. Vamos ver até onde chega.



(coluna publicada hoje no Diário Catarinense)

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