20150501

Só o fim traz a eternidade

Já estão à venda os ingressos para o show de Paula Toller no P12, em Florianópolis, no dia 13 de junho. A apresentação faz parte da turnê nacional de seu terceiro disco solo, Transbordada, lançado no finalzinho do ano passado. Nas entrevistas para divulgar o trabalho, a artista tem sido evasiva sobre o futuro do Kid Abelha, do qual até outro dia era vocalista. O trio está em recesso desde 2013 para que os integrantes dediquem-se a projetos pessoais. Tomara que a cantora aproveite essa pausa e aposente o grupo. Ela, a banda e o combalido pop brasileiro só têm a ganhar.



O encerramento das atividades 32 anos depois de estrear fazendo amor de madrugada cristalizaria o Kid Abelha como o representante mais autêntico da turma que invadiu as paradas do país na década de 80. Maldosamente chamado de “QI de abelha” pela crítica, a verdade é que o grupo exibe uma coerência que chega a ser obscena se comparada com seus colegas de geração. Jamais mudou de estilo, jamais pagou mico, jamais quis ser algo além do que sempre foi, uma banda com músicas acessíveis que dignificam o que costuma tocar nas rádios.

A saída de cena do único remanescente expressivo – em termos comerciais – daquele período com uma mulher à frente também selaria a imagem de Paula Toller como eterna musa. Linda aos 52 anos, ela ainda é capaz de povoar os sonhos eróticos de pais e filhos, mas daqui a pouco a idade cobra seu preço. Sem falar que seria um gesto raro em um mercado onde as bandas nunca acabam e criaria a oportunidade para uma volta triunfal. Fica o apelo para a abelha-rainha: como homem gosta de empurrar qualquer decisão difícil com a barriga, não espere por George Israel nem Bruno Fortunato e decrete você mesma o fim.

América profunda
O My Morning Jacket anunciou que tem gravado material inédito suficiente para dois álbuns, um dos quais – Waterfall, o sétimo da banda – sai no próximo dia 4. Nesse disco, a sonoridade da América profunda e empoeirada que inspira o quinteto do Kentucky há 15 anos aparece em baladas lancinantes, com os falsetes do líder Jim James partindo corações em “Thin Line”, “Only Memories Remains” e “Spring (Among the Living)”. Se o nível for mantido no lançamento seguinte, previsto para 2016, vem aí outra obra-prima.



POP POR TABELA ||||||| COISA DE VELHO
O Spotify revelou as dez músicas de heavy metal mais ouvidas pelos brasileiros no serviço de streaming.

30 ANOS
é a idade média das músicas

TOP 3

⦿ Metallica, “Enter Sandman” (1991)



⦿⦿ Black Sabbath, “Paranoid” (1970)



⦿⦿⦿ Motörhead, “Ace of Spades” (1980)



(coluna publicada hoje no Diário Catarinense)

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